sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

MORADA EM BARRO SOBRE A CRUZ DE MARMORE




Hoje dia nove de dezembro do ano de dois mil e onze, preludio de lua cheia no Céu deste Rio Grande, eu Alan Otto Redü e Eder Bandeira Vieira, ambos editores do blog Retalhos do Rio Grande, fizemos nossa primeira peregrinação atrás de algumas fontes históricas materiais que ainda restam... Percorremos de moto em torno de 60 km e visitamos 12 cemitérios, basicamente todos de origem étnica alemã, a procura de alguns jazigos de personagens que participaram das escaramuças do sul, e um famoso cerro que existe e está de pé ainda na localidade de Canguçu Velho, subdistrito do Município de Canguçu/RS

Durante este primeiro trajetos que empreendemos apenas o mate e alguns pensamentos nos acompanhavam... Lembrei-me do filme “Diário de uma motocicleta” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1rios_de_Motocicleta) é um filme de 2004 produzido pela Argentina, Brasil, Chile, Reino Unido, Peru, Estados Unidos da América, Alemanha, França e Cuba, dos gêneros aventura e drama biográfico, com direção de Walter Salles. Onde Che Guevara (Gael García Bernal) era um jovem estudante de medicina que, em 1952, decide viajar pela América do Sul com seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de La Serna) em uma moto.

Lembrei del che... Lembrei-me de vários historiadores... E refletia sobre a cultura que se é produzida no interior do município de Canguçu.

Enquanto eu e o amigo Eder nos encantávamos com a arquitetura das casas, ou das molduras das lápides, todas escritas no idioma Alemão e Polmerano, que se descortinavam ante nossas vistas, comentávamos e refletíamos quem as fez assim? Quem as construiu? Entalhou? Que arte digna de um estudo mais aprofundado... Existem coisas que o cotidiano acaba acostumando aos nossos olhos, e não nos perguntamos como se construiu estes objetos? Ou quem as trouxe para ali, ou tampouco se alguém ainda um dia irá preservar estes patrimônios...

Voltamos... mas com uma certeza, precisamos lá retornar sim, em busca de mais vestígios...

A foto que ilustra esta postagem esta sobre um dos tantos pórticos que há nestes “cemitérios de campanha” abaixo um poema do Mestre Jaime Caetano Braun, publicado no livro Potreiro de Guaxos. Editora Sulina

Cemitério de Campanha

Cemitério de campanha,
Rebanho negro de cruzes,
Onde à noite estranhas luzes
Fogoneiam tristemente;
Até o próprio gado sente
No teu mistério profundo
Que és um pedaço de mundo
Noutro mundo diferente.

Pouso certo dos humanos
Fim de calvário terreno,
Onde o grande e o pequeno
Se irmanam num mundo só.
E onde os suspiros de dó
De nada significam
Porque em ti os viventes ficam
Diluídos no mesmo pó.

Até o ar que tu respiras
Morno, tristonho e pesado,
Tem um cheiro de passado
Que foi e não volta mais.
A tua voz, são os ais
Do vento choramingando
Eternamente rezando
Gauchescos funerais.

Coroas, tocos de vela
De pavios enegrecidos
Que tem Terços mal concorridos
Foram-se queimando a meio
Cruzes de aspecto feio
De alguém que viveu penando
E depois de andar rolando
Retorna ao chão de onde veio.

Mas que importa a diferença
Entre urna cruz falquejada
E a tumba marmorizada
De quem viveu na opulência?
Que importa a cruz da indigência
A quem já não vive mais,
Se somos todos iguais
Depois que finda a existência?

Que importa a coroa fina
E a vela de esparmacete?
Se entre os varais do teu brete
Nada mais tem importância?
Um patrão, um peão de estãncia
Um doutor, uma donzela?
Tudo, tudo se nivela
Pela insignificãncia.

Por isso quando me apeio
Num cemitério campeiro
Eu sempre rezo primeiro
Junto a cruz sem inscrição,
Pois na cruz feita a facão
Que terra a dentro se some
Vejo os gaúchos sem nome
Que domaram este Chão.

E compreendo, cemitério,
Que és a última parada
Na indevassável estrada
Que ao além mundo conduz
E aqueces na mesma luz
Aqueles que não tiveram
E aqueles que não quiseram
No seu jazigo uma Cruz.

E visito, de um por um,
No silêncio, triste e calmo,
Desde a cruz de meio palmo
Ao ir ao mais rico mausoléu,
Depois, botando o chapéu
Me afasto, pensando a esmo:
Será que alguém fará o mesmo
Quando eu for tropear no Céu???

sábado, 26 de novembro de 2011

DRAGÕES DE RIO PARDO TOMO II

(CAPA DO LIVRO "OS DRAGÕES DE RIO PARDO" DO TEN.CEL. DEOCLÉCIO DE PARANHOS ANTUNES)


DRAGÕES DE RIO PARDO

TOMO II







6 - A GUERRA de 1801 NO SUL E NO OESTE

A guerra de 1801 - Causas: O Rio Grande, de 1777 a 1801, atravessou um período de paz e grande desenvolvimento ao lado de um inconformismo generalizado de seu povo com o Tratado de Santo Ildefonso (1777), que reduziu expressivamente o território do Rio Grande delineado pelo Tratado de Madri (1750).

Nessa época, o Rio Grande do Sul já estava dividido pelo rio Camaquã, nas fronteiras do Rio Grande, sob jurisdição da vila do Rio Grande (quartel General da Comandância Militar) e na do Rio Pardo, sob jurisdição de Rio Pardo (sede do Regimento dos Dragões do Rio Grande) que a tradição consagrou como Dragões do Rio Pardo.

Neste ano, na Europa, Portugal e Espanha entraram novamente em guerra, que se estendeu ao Brasil, envolvendo o território do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso.

Essa guerra durou de 14 de julho a 17 de dezembro de 1801. Foi planejada e comandada pelo governador do Rio Grande de então, o Tenente-General Sebastião Veiga Cabral da Câmara, recolhido ao leito, onde morreu após comandar a fase mais crítica da guerra.

Destaques operacionais :As hostilidades tiveram início na Fronteira do Rio Grande; as guardas espanholas, ao sul do rio Piratini, fronteira de fato (municípios de Canguçu e Piratini atuais), e no rio Jaguarão, foram atacadas.

Na fronteira do Rio Pardo, os Dragões, ao comando do Coronel Patrício Correia Câmara, expulsaram os espanhóis da guarda de São Gabriel de Batovi e de Santa Tecla, que se recolheram ao forte de Cerro Largo (atual Mello). A Guarda São Sebastião, no passo do Rosário, retirou-se para São Borja, e Santa Tecla foi completamente arrasada.

A partir de Santa Maria (atual), Dragões e aventureiros, sob orientação da Fronteira do Rio Pardo, lançaram-se sobre a guarda espanhola de São Martinho e, dali, sobre os povos de São Miguel, Santo Ângelo, São Luiz Gonzaga e São Nicolau, terminando por incorporar os Sete Povos por força das armas.

Seguiu-se a conquista do atual município de Santa Vitória do Palmar, a partir dos arroios Taim e Albardão, fronteira de fato. Conquista feita pelo Capitão de Milícias Simão Soares da Silva e pelo Tenente de Dragões José Antunes de Porciúncula, à frente de 100 milicianos e 36 Dragões do Rio Pardo. Eles atacaram, de surpresa, as guardas do Chuí e de São Miguel, que retraíram para o forte de Cerro Largo.

Em face desses ataques, os espanhóis reagiram a partir do forte Cerro Largo, ao comando do Marquês de Sobremonte, governador de Buenos Aires.

Um contingente da fronteira do Rio Grande chocou-se com outro espanhol lançado de Cerro Largo na direção do passo Nossa Senhora da Conceição do rio Jaguarão (atual Centurión), travando-se o combate do Passo das Perdizes, em 17 de outubro. Essa manobra espanhola foi diversionária, pois cobriu o lançamento de Cerro Largo, em socorro das Missões, do Tenente Coronel José Ignácio de La Quintana, com cerca de 600 homens. A Fronteira do Rio Pardo reagiu, enviando 300 Dragões do Rio Pardo, que conquistaram São Borja, após violento combate. Em seguida, esses mesmos Dragões acompanharam a coluna Quintana e ofereceram-lhe tenaz resistência em São Gabriel e Rosário do Sul (atuais), obrigando sua retirada para Cerro Largo.

Estimulados pelas vitórias das guardas do Chuí, São Miguel e Passo das Perdizes, na Fronteira do Rio Grande, e pelas de São Borja, Rosário do Sul e São Gabriel (atuais), o Comando Militar do Rio Grande decidiu conquistar a base de operações espanhola, o forte de Cerro Largo, aproveitando a ausência da Coluna Quintana.

Neste ínterim, o governador de Buenos Aires mobilizou recursos para socorrer o ameaçado forte de Cerro Largo.

Com a morte do governador Veiga Cabral, assumiu o Comando Militar e o Governo do Rio Grande o Brigadeiro Francisco Roscio.

Imediatamente, Roscio ordenou uma concentração de todas as forças do Rio Grande no passo Nossa Senhora da Conceição do Jaguarão, face à concentração espanhola no forte Cerro Largo. Sobremonte cerrou as forças em 30 de novembro. A concentração portuguesa ali foi reforçada, em 5 de dezembro, com 500 homens transferidos do Taim e Albardão, aprofundamentos das defesas do Chuí e São Miguel.

Neste mesmo dia, o comandante espanhol mandou um ultimatum ao heróico Coronel Manuel Marquês de Souza (comandante da Fronteira do Rio Grande), dando-lhe 24 horas para evacuar a região. Marquês de Souza respondeu-lhe negativamente.

A Fronteira do Rio Grande foi reforçada pela Fronteira do Rio Pardo, no dia 10, com a chegada do Coronel Patrício Correia Câmara, à frente de 400 Dragões, milicianos e voluntários.

Em 13 de dezembro, o Marquês de Sobremonte ordenou a retirada de suas tropas para o forte do Cerro Largo, consciente da superioridade portuguesa e do perigo que corria de ser batido em campo raso.

No dia 17, foi publicada no Rio Grande a paz entre a Espanha e Portugal. O Coronel Patrício retornou ao Rio Pardo em razão da suspeita, não confirmada, de que outra coluna Quintana fora lançada na direção dos Setes Povos para reconquistá-los. Em Porto Alegre, em condições de reforçar as tropas do Rio Grande, encontrava-se o Regimento Extemoz.

Esta guerra foi financiada por estancieiros e fazendeiros gaúchos que participaram da luta como voluntários e milicianos.

A guerra na fronteira de Mato Grosso: Em Mato Grosso, ao chegar notícia da guerra na Europa, o governador do Paraguai, comandando uma esquadra fluvial, atacou, em 16 de setembro de 1801, o Forte de Coimbra, que era comandado pelo Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra.

O inimigo foi rechaçado. Em 1º de janeiro de 1801, o Tenente Francisco Rodrigues Prado, filho de São João del Rei e governador do forte de Miranda, tomou e arrasou o forte São Jorge na margem sul do rio Apa.

Os territórios conquistados no Rio Grande (Sete Povos), entre os rios Piratini e Jaguarão, o atual município de Santa Vitória e mais o sul do Mato Grosso, não foram devolvidos em razão de a Espanha não haver devolvido a cidade de Olivença que conquistara aos portugueses na guerra.

CANGUÇU, BASE DE GUERRILHA CONTRA OS ESPANHÓIS

Em 1762, na eminência de invasão do Rio Grande pelos espanhóis, como projeção de lutas na Europa entre Espanha e Portugal, o coronel Osório citado, proveniente do Rio Pardo e com destino ao Chuí, atravessou as terras de Canguçu com maior parte do Regimento de Dragões, fundando pouco após a fortaleza de Santa Tereza na atual ROU e, na época, território de Portugal pelo Tratado de Madrid de 1750(17).

Figura; Aspecto das ruínas da estância de Luís Marques de Souza, no rincão dos Cravos no Quarto subdistrito de Canguçu, próximo ao passo do Acampamento no rio Piratini. Foi a primeira estância em Canguçu. Ela serviu de base dos guerrilheiros de Rafael Pinto Bandeira e aos Dragões do Rio Pardo, para atuarem contra os espanhóis que denominavam a Vila de Rio Grande e a margem Leste do Canal São Gonsalo de 1763-1776. Serviu de apoio à Comissão Demarcadora de Limites 1748-88 e foi abrigo de Bento Gonsalves ao final da guerra Farroupilha. Nela teve lugar, set.1823, um combate de encontro entre as forças governistas e revolucionárias. O local era conhecido então como Atalaia e se prestou ao longo da História para tal. Julgamos seja a ruína mais antiga ligada à vida rural rio-grandense e à sua História Militar (Foto do arquivo da professora Marlene Barbosa Coelho).Aparecemos sobre as ruinas

*Elas foram por mim identificadas após visita ao local(15) e longa pesquisa decorrente, com apoio no mapa da demarcação do Tratado de Santo Ildefonso, cujo trecho público na obra O NEGRO NA SOCIEDADE DO RIO GRANDE DO SUL(16).

Após a invasão do Rio Grande, em 1763, pelo litoral, por paderoso exército espanhol ao comando do general Pedro Ceballos, governador de Buenos Aires, as terras de Canguçu foram em abril e maio de 1763 atravessadas, em viajem de ida e volta, de Rio Pardo até o canal São Gonçalo, por um contingente de 100 homens paulistas e dragões, comandados respectivamente pelo mais tarde heróico e bravo paulista, tenente Cypriano Cardoso Barros Leme e os dragões tenente João Nogueira Beja e o furriel José Carneiro Fontoura, ascendente entre outras, das ilustres famílias pelotenses Assunção e Simões Lopes(18). Eles tentaram em vão, socorrer ao Cel Thomaz Osório.

Canguçu passou a ser base de guerrilhas contra os espanhóis para hostilizá-los na então Vila de Rio Grande e ao longo do canal São Gonçalo. Comandadas pelo intrépido rio-grandense Rafael Pinto Bandeira serviam também para cobrir, à distância, o forte de Rio Pardo e as estâncias portuguesas entre o Camaquã e o Jacuí, contra um ataque partido da atual cidade de Rio Grande, então em poder de Espanha(20).Por ocasião da invasão espanhola de Rio Grande, muitos açorianos de Povo Novo da Torotama e imediações, entre a região atual de Rio Grande e Pelotas, se fixaram ao longo do caminho histórico Rio Grande –Rio Pardo passando por Canguçu.e buscaram proteção nas terras de Canguçu, ao longo do histórico caminho, estabelecido desde 1756, Rio Grande-Rio Pardo(21).

Em 29 de maio 1767, o coronel Marcelino de Figueiredo, partindo do Estreito, tentou com suas tropas, assaltar e retomar aos espanhóis a Vila do Rio Grande. Suas embarcações de assalto foram dispersadas no canal pela cerração e ventania. Frustado o assalto teve por consolação a reconquista da margem norte(atual São José do Norte). Nesta ocasião a estância de Luís Marques, em Canguçu, serviu de base inicial de guerrilha(22) a Rafael Pinto Bandeira, reforçado por Dragões do Rio Pardo, para atraírem, de Rio Grande para o corte do São Gonçalo, nas imediações de Pelotas atual, efetivos espanhóis, visando a enfraquecer aquela posição para o assalto frustrado intentado(23).

Em1974 o governador de Buenos Aires, general Vertiz y Salcedo, invadiu o Rio Grande do Sul pela campanha, com o objetivo principal de varrer das terras atuais de Canguçu(Encruzilhada do Duro) e Encruzilhada do Sul( guardas da Encruzilhada) as bases de guerrilhas portuguesas que tantos prejuízos vinham causando aos interesses dos súditos espanhóis. Erigiu o citado governador, natural do México, nas proximidades de Bagé atual, a Fortaleza de Santa Tecla. A missão de Vertiz y Salcedo foi prejudicado pelos reveses que Rafael Pinto Bandeira impôs às suas tropas em Santa Bárbara e Tabatingai(24).

*Cypriano Cardoso que deparo e abordo com frequência em meus estudos e trabalhos sobre a guerra de 1763-77 prestou serviços militares ao Rio Grande do Sul e a Santa Catarina(19) quase à altura dos prestados por Rafael Pinto Bandeira.

Incapaz de atacar Rio Pardo, a " Tranqueira Invicta ", o citado governador contramarchou em direção à base espanhola mais próxima – a Vila de Rio Grande – atravessando na ocasião as terras de Canguçu, ao longo do histórico caminho entre Rio Grande e Rio Pardo(25). Este mesmo trajeto seria feito em abril de 1776 pelo major Patrício Correia Câmara, o futuro Visconde de Pelotas, à frente de parte de seu Regimento de Dragões. Proveniente da conquista da Fortaleza de Santa Tecla, destinava-se a dar cobertura no Taim a um possível ataque à Vila de Rio Grande, reconquistada em 1 de abril, após 13 anos sob domínio espanhol. Dessa marcha deixou circunstanciado relatório que tornou possível indentificar os locais de Canguçu onde6 suas tropas acamparam, bem como o nome primitivo de Arroio das Pedras,da cidade de Canguçu. Em Pelotas, sobre a margem oriental do canal de São Gonçalo, ele encontrou um fortim espanhol abandonado(26).

Fonte : http://www.portugalweb.net/portugalnomundo/america/rgsul/cangu%C3%A7u.asp

Acesso : 23/11/2010

sábado, 12 de março de 2011

Joaquim Antonio Saraiva - Um Bravo Republicano







RESUMO DA HISTÓRIA DE JOAQUIM ANTÔNIO SARAIVA

Joaquim Antônio Saraiva, nasceu provavelmente no Uruguaio por volta do ano de 1851, filho de Manuel Saraiva do Amaral, neto de Plácito Saraiva do Amaral e bisneto de Manuel Saraiva
do Amaral, este último seu bisavô, foi o fundador do Passo do Saraiva localizado na Quarta Zona de Canguçu RS, no ano de 1800 foi liberado o novo distrito que receberia o nome de Canguçu, nome
pertencente a língua Tupi Guarani derivado da palavra canguaçu, segundo a história era o nome de uma onça pintada da cabeça grande que habitava nas matas desta área de terras habitada por índios
Tapes e Tapuias, subordinados aos Guaranis. Depois de vários combates contra os invasores brancos, foram praticamente devastado, sobrando somente crianças e mulheres entre esses nativo, sendo então colonizado por brancos descendentes de portugueses e açorianos, que já estavam morando desde o ano de 1737 no município vizinho de Rio Grande.
As famílias que foram morar e cultivar as terras deste novo distrito, receberam uma sesmaria, que era pouco menos de 100 he de terras. Manuel Saraiva do Amaral e sua esposa Ana Joaquina de Jesus também receberam uma fração de terras, onde com o tempo recebeu o nome de Passo do saraiva, por haver um arroio que passa por esta localidade até os dias de hoje.
No inicio dos anos e 1800, as charqueadas nas margens dos rios São Gonçalo e Pelotas que ficava uns 100 quilômetros na então pequena cidade de Pelotas, era onde se centralizava
a economia de toda a região e até mesmo do estado. Mas os países vizinhos, Uruguai e Argentina também produziam charque de muito boa qualidade, e preço competitivo, o governo imperialista
nada fazia para impedir a entrada do charque uruguaio e argentino e desestimulava a pequária gaúcha com impostos, motivo pelo qual que no ano de 1835 parte dos gaúchos pegaram em armas contra o império iniciando a Revolução Farroupilha que se estendeu por 10 longos anos, nestes anos os Gaúchos tiveram o seu próprio governo.
As famílias gaúchas eram divididas nesta guerra, tinha os que eram contra e os que eram a favor o império, segundo a história, Canguçu era um reduto de Farrapos e, a família do seu Manuel saraiva do Amaral também eram pertencente a estes Farroupilhas.
Plácido e Francisco Saraiva do Amaral eram uns dos vários filhos do seu Manuel, Plácido avô de Joaquim Antônio Saraiva, Francisco avô dos generais Gumercindo e Aparício Saraiva.
Seu Manuel faleceu no ano em que iniciou a Revolução Farroupilha com 75 anos de idade, mas seus filhos e netos tiveram uma participação ativa nesta guerra, tanto que no final dos dez anos quando os Farrapos aceitaram um acordo de paz seguindo sob o domínio do império, várias famílias
Farroupilhas tiveram que se debandar para o Uruguai perseguidos pelos seus próprios vizinhos que eram imperialistas e agora tinham o apoio dos soldados imperiais. Os descendentes do seu Manuel
Saraiva do Amaral tiveram que também abandonar suas terras fugindo para o país vizinho.
A genealogista já falecida Gizela Mascarenhas Catallã encontrou na Cúria Diocesana de Pelotas, certidão de resgistro de casamento dos pais de Joaquim Antônio Saraiva, cuja data é de 22 de abril de 1861, e consta também o nascimento de Joaquim Antônio Saraiva registrado pelo menos em cartório brasileiro na data de 05 de janeiro de 1862, de acordo com esse registro Joaquim Antônio teria sido registrado com uns 10 anos de idade, e seus pais também casando dez anos depois de seu nascimento, coisa que naquele tempo não era comum.
Eu acredito que eles casaram no Uruguai, mas quando voltaram também legalizaram seu casamento no cartório daqui do Brasil. O guri Joaquim Antônio deixaram sem registrar, esperando quando voltassem do Uruguai para cá, então registrariam.
Baseado nesses registros concluímos que Manuel Saraiva do Amaral, o pai de Joaquim Antônio, voltou para Brasil no princípio da década de 1860, época em que as ideias republicanas estavam ainda bem viva na mente dos Farrapos, e o império estava muito enfraquecido, tanto é que em 1889 sem precisar dar nem um tiro, foi implantada a república em todo o país.
Mas as inimizades políticas principalmente entre os gaúchos persistiram, causando muitos vandalismos e mortes. Manuel saraiva do Amaral foi um dos que pagou com sua própria vida o preço cobrado pelos imperialistas.
Nos últimos anos do império houve muitas perseguições políticas e, os que defendiam o imperialismo não estavam contentes com a situação, pois sabiam que perderiam muitas regalias com a caída do império, tinham que a qualquer custo intimidar os republicanos que estavam crescendo cada vez mais com o retorno dos que voltavam do Uruguai, por isso houve muitas mortes e vandalismos que ficavam impunes.
Entre os perseguidos e jurados de morte estava Manuel Saraiva do Amaral e, os perseguidores eram gente graúda, pois Manuel foi até as autoridades da vila e registrar uma queixa dessa ameaça contra a sua vida e, as autoridades deram-lhe garantias dizendo-lhe, podes ficar tranquilo que nada de ruim vai lhe acontecer, como estas autoridades poderiam dar esta garantia sem nenhuma ação policial, a menos que os criminosos fossem gente do meio deles.
Manuel vendeu um gado e precisou ir até Pelotas, cidade vizinha, ficava localizada a uns 100 quilômetros de distancia, iria depositar o dinheiro da venda do gado no banco desta cidade, levou dois companheiros como prevenção, mas não foi o suficiente, porque num paradouro de carreteiros a uns 40 quilômetros antes de chegar na cidade foram os três mortos em uma emboscada feita por uma quadrilha de uns 5 ou 6 homens bem armados.
As famílias das vitimas procuraram por justiça mas nada foi feito a respeito, então o filho mais velho de Manuel, Joaquim Antônio fez a justiça com suas próprias mãos vingando a morte do pai e tomando partido na revolução, lutando pelo o governo Júlio de Castilho que havia sido empossado legalmente.
Relata-se que muitos lutaram nesta revolução por motivos de vingança, foi uma das revoluções mais sangrentas das Américas, durou dois anos e ceifou a vida de mais de dez mil pessoas.

Joaquim Antônio Saraiva, Vingou a morte do pai e lutou na revolução Federalista de 1893 pelos republicanos defendendo o governo de Júlio de Castilhos contra os maragatos liderados pelo seu primo general Gumercindo saraiva.
Após a revolução que durou 2 anos, foi perseguido pela polícia da época tendo de matreriar por 9 anos nas matas do Cristal, cujo proprietário era o seu amigo coronel Leão dos Santos Terres popular (Dezinho Terres)
Na revolução de 1923 luto como revolucionário na tropa do general Zeca Netto, revolução que culminou coma tomada de Pelotas em 29 de outubro do mesmo ano. Estes detalhes são abordados com fotos inéditas no livro Joaquim Antônio Saraiva: Um Bravo Republicano.

Existe muitos causos sobre Joaquim Antônio que são narrados neste livro, finalizando com a sua morte aos 100 anos, nos braços de seu neto do peito Micindo Saraiva.

10 de março de 2011 Antônio Saraiva






Fotos:

1º Joaquim Antonio Saraiva aos 97 anos

2º Joaquim Antonio Saraiva e sua Esposa e sua filha mais nova

3º Capa do livro sobre Joaquim Antonio Saraiva, escrito por Antonio Saraiva

4º Foto de Joaquim Antonio Saraiva

5º Foto de Tita Saraiva, filho de Joaquim Antonio Saraiva


AGRADECEMOS A PESSOA DE ANTONIO SARAIVA, QUE GENTIL-MENTE NOS CEDEU AS FOTOS E NOS ENVIOU O TEXTO, SOBRE A HISTÓRIA DESTE IMPORTANTE SER HUMANO QUE PISOU NOSSO SOLO SAGRADO DO RIO GRANDE DO SUL, E QUE FEZ PARTE DE UM CENÁRIO ONDE VALORES, AINDA ERA FORJADOS NA PERSONALIDADE, E NÃO SE PERDIA PELO BRILHO DOS VIS INTERESSES, AI ESTA A CAPA DO LIVRO, ONDE SE PODE ACOMPANHAR A HISTÓRIA DESTE HONRADO GAÚCHO E DESTEMIDO HOMEM QUE VIVENCIOU TEMPOS DIFÍCEIS," POR QUE A EXEMPLO DE TANTA GENTE, NÃO TINHA CANCHA RETA, OU COSTAS QUENTES" PARAFRASEANDO SILVA RILLO.
EXEMPLO A SER SEGUIDO E LEMBRADO SEMPRE...

sábado, 5 de março de 2011

O Coral da Maciel...

TEMOS AI UM REGISTRO DO CORAL DA MACIEL, SUB-DISTRITO DE PELOTAS-RS, O ANO E OS INTEGRANTES DA FOTO, NÃO NOS FOI INFORMADO PELO COLABORADOR DA FOTO, QUE SE CHAMA JULIO CASARIN, SEGUNDO ELE, AI ESTA NESTA FOTO UM ANTEPASSADO SEU. REGISTROS COMO ESTE, NOS MOSTRA, JÁ A IMPORTÂNCIA DADA A CULTURA COMO FORMA DE PROPAGAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS SERES HUMANOS. AINDA HOJE NO INTERIOR, E COMUM ESTES "GRUPOS", QUE LEVAM A MUSICA RELIGIOSA ALÉM FRONTEIRAS...